Cantares
O que eu venero n’alma da mulher:
é este oceano que a de mim separa...
E as brumas envolvendo a margem clara
onde cochila a flor do bem-me-quer.
Na solidão mareia um escaler,
buscando o bem que a tantos se esquivara
(que a pedra de coral e a joia rara
jamais rendeu-se a um bárbaro qualquer).
Quantos encantos deste mar sem fim,
puseste nos canteiros do jardim
que o meu olhar navega com desvelo?
Vejo delfins brincando no mormaço;
e quando a sorte ancora no regaço...
Avisto a praia em brancos tornozelos.
(12/9/2021)