O Eu poético
O Eu da poeisa não sou eu,
Mas uma metonímia de mim.
Como quem lê Burke e Bakunin,
E ora é crente, e ora é ateu...
Portanto quando o verso diz que eu
Sou isso, sou aquilo, sou assim...
Não fala na verdade o que é de mim,
Ainda que o verso seja meu.
O Eu da poesia é um estranho,
Que tem a minha cor, o meu tamanho...
E cabe nos limites do meu ego.
Mas não sou eu de fato, simplesmente,
Embora eu possa ser o que ele sente
Nas coisas que acredito ou que renego.