OUTONO

como se eu fosse árvore

me caem folhas;

num ciclo de outono,

sem que eu as escolha.

e caem flores,

antes da vinda das abelhas,

num passo de Zoe e Cronos

sobre pétalas vermelhas

o que será de mim,

nu na solidão do inverno

que nesse ano me parece severo?

terá que ser assim,

um eclipse eterno,

um prosseguir espoliado e austero.