TRILHA DE SONETOS LXXXIII- DIÁLOGO COM A PINTURA “MONALISA - 1503", de Leonardo Da Vinci
*A FACE ENIGMÁTICA*
De olhar inquisitivo e penetrante,
a bela e idolatrada criatura
contrasta o seu sorriso, na feitura,
com seu suave e tímido semblante.
Maliciosamente cativante,
eternizando a imagem sempre pura,
deságua do seu riso assaz candura,
no indecifrável porte tão galante!
Nos tons de sombra e luz, a natureza,
também se revelando em realeza,
tributa a "Leonardo" as mãos ditosas!
E a "Tela" - patrimônio cultural -
aponta "Mona Lisa" sem igual...
A "Diva" dentre as obras mais formosas!
Aila Brito
*A MONALISA*
Num misto de beleza e de ironia,
Estanca do semblante feminino,
Em pardacentas cores de felino,
A essência de um mistério e de magia.
Desata desse olhar a poesia
Por sombras de um oculto desatino,
Lançando pelo mundo o seu destino
De musa na pintura que irradia.
A pose, demandando indiferença,
Expressa o eterno agora na descrença,
Com a emoção estática, imprecisa...
A dimensão da histórica presença
Vem de Da Vinci pela Renascença,
No busto secular de Monalisa.
Ricardo Camacho
*OBRA-PRIMA*
A fama não depende da beleza,
A grande prova: a musa "Mona Lisa",
Que o magistral pintor imortaliza,
Embora sem os dons da natureza.
Semblante que nos deixa na incerteza
De qual dos sentimentos sutiliza:
Se paz que seu sorriso sinaliza
Ou dor que jaz nos olhos de tristeza.
A fama frutifica no talento
Expresso por Da Vinci em sua tela
Banhada de suor por seu rebento.
Nas cores que, de forma tão singela,
Se tornam luz e sombra em casamento,
O esmero da obra-prima se desvela!
Luciano Dídimo
*DA VINCI, O ETERNO*
Com sombra, luz, mistério e com verdade
Da Vinci registrou em sua tela
a diva Monalisa, quase bela,
com seu sorriso de ampla ambiguidade.
O olhar inquisitivo da donzela
o mundo, em vários ângulos, invade.
No entanto, o rosto dado à eternidade
o seu veraz intento não revela.
Nas eras idas, décadas transatas
e até nas atuais, presentes datas,
por entre o oculto a musa preconiza:
no traço fino e certo do retrato,
dado o talento ingênito, conato,
Da Vinci anula a morte em Monalisa!
Geisa Alves
*SFUMATTO*
Das pinceladas firmes do "Sfumatto"
Nasceu a imagem da mulher famosa
E feito a lenda mais prodigiosa
Transcende o espaço, o tempo e o mundo abstrato.
De uma textura tão real, de fato,
Encara a Monalisa impiedosa
O mundo inteiro, toda gloriosa,
Pedindo olhares e também o tato.
Esse vislumbre da ilusão perdura
Tão vivamente, desde que a pintura
Ganhou a fama e o seu maior remígio,
Levando ao rodapé a assinatura
Que liga o criador à criatura
Para imortalidade do prestígio!
Ricardo Camacho
*ALEGORIA…*
A tinta tece a tela — tal e qual —
tingindo, com exemplos de harmonia,
o emblema da pintura Ocidental
que o mundo não sonhou que existiria…
Comunga sombra e luz, ao dar sinal
que a imagem pulsa viva (quem diria…).
Sem dúvida, retrato colossal
sem preço… por descomunal valia.
O enigma do sorriso nos revela
que a soberana dama terna e bela
transcende o tom dourado da moldura.
Desenho, com palavras, Monalisa…
a transitar suave feito brisa,
eternizada, em cores, na pintura!
Elvira Drummond
*MONALISA*
Todos insistem em olhar, de perto,
a Monalisa que apresenta um manto
singelo, no ombro esquerdo, e que decerto
é o quadro mais famoso em todo canto.
Ela demonstra um riso meio incerto,
parece irônico e também um tanto
malicioso, assim, até alerto
que sempre me desperta imenso encanto!
Quem analisa o quadro pode ver
que a Monalisa tem os lábios finos,
possui, no rosto, traços masculinos.
Quem analisa busca nesse ser
uma razão que justifique a fama...
Qual o segredo dessa ilustre dama?
Janete Sales Dany
*SEGREDOS*
Conquista, Leonardo, a fama pelo mundo,
com sua reverência em magistral pintura:
o busto da Mulher, de traço assaz profundo,
e porte encantador, repleto de doçura!
A terna "Mona Lisa" em seu olhar facundo,
parece acompanhar a todos - da moldura -
e em sua timidez sorri de todo mundo
por não compreender "o oculto" na feitura!
A tímida expressão da Diva resplandece,
e pelo mundo afora a eterna musa tece,
no riso, um arabesco indício sedutor!
Segredos vêm à tona em espiral prazer,
mas nada formaliza ou vem a esclarecer...
Seria Mona Lisa amante do pintor?
Aila Brito
*ENIGMÁTICO SEMBLANTE*
O icônico sorriso, indecifrável,
Completa seu olhar misterioso...
Seria Lisa um ser maravilhoso
Ou um autorretrato abominável?
Famoso quadro, da arte o mais notável.
Com o semblante vago, duvidoso...
É Mona Lisa um ser conflituoso
Ou a Madonna, fêmea incontestável?
Na tela, ao fundo, vê-se a natureza
Antropizada, mas ainda bela...
Um traço de Da Vinci, com certeza,
Marcando a renascença no apogeu.
O enigma da expressão do rosto dela
Com o passar dos anos só cresceu.
José Rodrigues Filho
*O RISO DA GIOCONDA*
O Louvre abriga o riso indecifrável,
num misto de feitiço e de ironia,
na pena revestida de magia
do gênio que renasce imensurável.
Em meio ao corredor da galeria,
exerce o seu reinado inquestionável:
Glamour da verve onírica infindável,
que não desnudará a fantasia.
O tempo assoberbado, aos pés, se curva,
da mais sublime tela insana e turva
que o mundo inteiro exalta com louvor...
e, à sombra do imortal renascimento,
tatua na obra-prima o encantamento
do arroubo labial do criador.
Adilson Costa