Ferida que não cura
A ferida adveio de um corte por deveras profundo
Atingiu a carne e perfurou a alma em demasiado
Moscas estão pousando em um corpo moribundo
Mesmo tentando, a ferida não havia cicatrizado
Inexistente é o unguento para penetrar tão fundo
Indistintos sentimentos e nenhum por encerrado
A dor cresce num terreno que lhe é mais fecundo
Não há bálsamo perante um amor não terminado
Na jornada obscura, mata-se enquanto não faz viver
É preciso fazer um curativo, desta vez com ternura
No ambiente contaminado não há como convalescer
Mendigando afetos, para quem os distribui com usura
Tal sofrimento droga alguma consegue entorpecer
Então ela sangra toda vez, é uma ferida que não cura