Voo noturno

Percebi-me sendo engarrafado, sem gênio ser;

envasado como azeite, sem ao menos parecer.

Como seguir a vida estando tão amedrontado,

sem nem sequer poder sentir-me confortado?

Girava e girava, e girava o mundo em mim;

mas quem girava? Era o mundo, ou o fim?

Confuso, lerdo, estava eu como anestesiado,

ou nada percebia por manter-me mascarado?

Vejo-me correndo, abrindo devagar os braços;

tarefa impossível, essa de livrar-me do novelo.

Acelero para fugir, apertando bem meus passos.

Consigo, enfim, alçar meu voo, que desmazelo!

Deixei-os um a um ao chão, aqueles tantos laços

Agora, do alto da torre, sei que foi só um pesadelo.

René Henrique Götz Licht
Enviado por René Henrique Götz Licht em 26/11/2022
Código do texto: T7658250
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