Paliativo da íntima covardia

Que vale essa máscara de virtude

Paliativo da íntima covardia

São tolos os sonhos da juventude

Neblina dispersa ao nascer do dia

Caído com o fogo da brasa tardia

Mil quimeras embriagaram-me amiúde

Nenhum deus abrigou-me na abadia

Nenhum anjo agarrou-me no talude

Apagada está a luz do meu farol

Não sou digno de qualquer apreço

Pescador fisgado no próprio anzol

Esta confissão só é mais um adereço

em meu corpo, mais uma peça no rol

Dos que não souberam pagar o preço