SONETO METIDO A BESTA

Por hoje estar em meu modo loquaz,

Aproveito para fugir do óbvio.

Assim não mais me verão um pacóvio,

Um soturno e taciturno, não mais.

Quem apenas panegíricos faz,

Apenas vislumbra o atavio,

Por ele formulando o corolário,

Recônditos deixa os essenciais.

Depois destes versos perfunctórios,

Dignos de portas de mictórios,

Só me resta a saída à francesa.

Fui pernóstico, mas tenho certeza,

Que a carapuça cabe na cabeça

De alguém, além de mim, que a mereça.

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Na opinião do amigo Herculano Alencar, nenhum poema é tão ruim que não mereça

um pouco de atenção, por isso me enviou "Uma boa companhia" :

Um poeminha besta

E lá está o ponto na vidraça

à sombra de um silêncio sepulcral,

como se fosse a mesma pá de cal

que sinaliza o leito da desgraça.

Ao lado desse ponto há uma traça

parada na metade do caminho,

pra não deixar o ponto tão sozinho,

ou simplesmente por pura pirraça.

Enquanto o ponto fica e a noite passa

eu tomo mais um gole de cachaça

e ponho um verso a mais à luz do dia.

E quando a embriaguez enterra o sono,

a traça faz do ponto um cão sem dono

e eu transformo o ponto em poesia.

Herculano Alencar

Jota Garcia
Enviado por Jota Garcia em 21/11/2022
Reeditado em 23/11/2022
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