VIA FÉRREA
VIA FÉRREA
Era muito quente, úmido e escondido
Nas ravinas sinuosas das vertentes.
Onde, longe das casas e das gentes,
Andávamos em busca do insabido.
Ainda muito novo e convencido,
– Ou igual diziam lá, “dado a repentes…” –
Os seguia pisando nos dormentes
Dos trilhos suburbanos a corrido.
Mas, para não passar como covarde,
Tinha-de acompanhar sem dar vacilo
Aos vãos do pontilhão sem mais alarde.
Um monte de moleques era aquilo!
Que na linha do trem gastando a tarde,
Atravessava um tempo mais tranquilo.
Betim - 21 11 1998