NARCOLÉPTICO

NARCOLÉPTICO

O dia passa como se enevoado

Co'os olhos entreabertos, salvo engano.

N'um desarranjo de ciclo circadiano,

Caminho de mim mesmo alienado.

Atravesso o expediente anestesiado,

Visto incomunicável n'outro plano.

Em pleno abandono do quotidiano,

Arrasto-me de espírito alquebrado.

Cochilo entre vozes dissonantes

A discutir assuntos importantes,

Enquanto eu me congraço em evadir.

Fantasma pelo mundo material,

Pareço errar em busca d'um final

À minha nulidade de existir.

Betim - 18 11 1997