Indigente

Tudo ilusão quando viajei em busca de riqueza

Só a dor e a morte encontrei, debaixo do céu azul

Abandonei o norte pelo engano do dinheiro do sul

Só o vício me transporta para além da minha pobreza

Sem dente, apaguei da juventude a força e a beleza

Talvez, quem veio comigo seja aquele mendigo nú

Deixei a roça para dividir os restos na cidade com urubu

Só a saudade, a essa altura da vida é minha fraqueza

Serei apenas para essa cidade aléia, mais um indigente

Ou talvez, terei o destino pior que de um animal

Posso ser tudo, neste contexto social. Menos gente

De todos os destinos que imaginaram para mim

Doutor, professor, pedreiro ou cantor. Sou um número no jornal

Tantos outros no garimpo, não tiveram nem esse fim