Pode fazer silêncio, por favor!
Não sei fazer silêncio, sou poeta!
E poeta jamais se silencia!
Ainda que lhe falte a poesia,
A alma está sempre irrequieta.
Poeta vive sempre à revelia
Dos sábios, dos filósofos, de tudo.
Ainda assim jamais se cala, mudo,
Nem mesmo quando a verve se esvazia.
Não sei fazer silêncio, inda que tente,
Pois há um algo mais dentro da mente
Que me corrompe a boca e solta a fala.
Somente o coração fica silente,
Porque pode esconder a dor que sente,
E quando a voz ecoa, o peito cala.