Chorar, chorar...

Cuidei com todo amor da taça de cristal,

tirei a sujidade em volta, limpei tudo,

entanto agora eu sei, e nisso eu não me iludo,

o vento ao seu redor lhe fez imenso mal,

pois, quando eu mais amei, talvez sem nada igual,

a taça fez-se barro e, em estertor agudo,

abriu-me imensa chaga e, num soluço mudo,

o meu amor rompeu-se. Eu sou um ser mortal,

e o sentimento forte agora é imensa dor,

aquele cristal lindo arrebentou de vez

e não encontro como eu possa reparar.

O que eu pensei outrora amar feriu-me fundo,

um ferimento amargo, um ferimento imundo,

e o que me resta agora é só chorar, chorar...

02/11/2022