Cinzento

Horas sombrias, cinza entardecer,

mil sonhos ter e não poder vivê-los...

Rotos fitilhos mesclam-se aos cabelos

nos vagos dos instantes a morrer.

 

Em passo lento, o dia a esvaecer;

quedam os céus, a noite a escurecê-los...

Enchem-se os ares de ébrios pesadelos,

ergue-se a cruz das dores deste ser.

 

As tardes desvanecem de uma em uma,

um devaneio esvai-se dentre a bruma,

restam saudades... Secas rosas na haste...

 

Hora em que me perdi em teu olhar,

que em tua boca estive a me encontrar...

Hora em que um rubro sonho me roubaste!

 

Da série "Dialogando com Florbela"

 

Foto: Canva

 

Geisa Alves
Enviado por Geisa Alves em 08/11/2022
Reeditado em 08/11/2022
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