Cinzento
Horas sombrias, cinza entardecer,
mil sonhos ter e não poder vivê-los...
Rotos fitilhos mesclam-se aos cabelos
nos vagos dos instantes a morrer.
Em passo lento, o dia a esvaecer;
quedam os céus, a noite a escurecê-los...
Enchem-se os ares de ébrios pesadelos,
ergue-se a cruz das dores deste ser.
As tardes desvanecem de uma em uma,
um devaneio esvai-se dentre a bruma,
restam saudades... Secas rosas na haste...
Hora em que me perdi em teu olhar,
que em tua boca estive a me encontrar...
Hora em que um rubro sonho me roubaste!
Da série "Dialogando com Florbela"
Foto: Canva