SONETO SIMBOLISTA – Ivanes Freitas
No teto alvar de nuvem gris coberto,
encarniçadas lágrimas estanco;
apago a gasta cor de verbo incerto
e, na garganta, esgano grito franco.
O sangue calo, dele me liberto;
do estalante esqueleto a nódoa arranco.
E, sob um insondável céu deserto,
me aparto de noturno espectro manco.
O caos interno encerro no silêncio,
a vida, já transfigurada, vence-o.
Para elevada música eu desperto:
em fogo puro queimo minha carne,
desvanece o rumor do fim de tarde.
O meu corpo sem mácula lhe oferto.
© Ivanes Freitas
Escrito em: 14 de Dezembro de 2017.
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Francisco Ivanes Freitas Sobreira nasceu em Acopiara/CE, em 31 de dezembro de 1991; ainda criança, mudou-se com a família para Juazeiro do Norte/CE, onde reside até hoje. Nesta cidade, fez o ensino primário e médio (inconcluso).