O abutre
(A Jhonn Balance)
Quando vejo-o o infindo azul do céu singrando
É inevitável que o venha a admirar,
Acompanhando-o enternecido e com vagar,
Negro fanal da Morte, estoico e venerando.
Por horas perco-me ao vê-lo desenhando
Circuncêntricos círculos pelo ar
(Códigos que a mim são vedados decifrar),
Negro arauto da Morte, funesto e nefando.
Alado Custódio do Verme e do Monturo!
Presto meus respeitos com solenidade,
Sóbria ave que em si encerra nosso futuro –
Ponte a ligar Matéria e Eternidade,
Tu nos recordas, sempre à espreita no escuro,
Que, vera, só a Morte – é tudo o mais vaidade…