Fé e esperança
(A Stephanie Martins)
“Questo affannoso e travagliato sonno
Che noi vita nomiam, come sopporti…?”
(LEOPARDI)
Como é que podes, cara amiga, suportar
A grande seca deste sono atribulado
Que é a vida, de semblante imperturbado,
Enquanto sigo qual ébrio a tropeçar
Nos próprios pés, sem destino, a cambalear
E, bocejando de tédio, enfastiado,
Sinto-me como um autômato, programado
A fazer sempre a mesma coisa, sem parar?
Como consegues crer ainda no futuro
Quando eu mesmo descreio da Eternidade
E nada enxergo fora um báratro escuro,
Frio, estéril à minha posteridade?
Por que viver a todos nós é tão duro
Mas de otimismo quase nunca há igualdade?