Revelação
Quando minha língua calar e meu coração falar
Seu coração, e só o seu, entenderá esse arfar;
Se sua língua também calar e seu coração ouvir
Por inteiro ser-lhe-ei revelado, para nada omitir.
Quando sua língua calar e seu coração falar
Meu coração, e só o meu, entenderá esse arfar;
Se minha língua também calar e meu coração ouvir
Por inteiro ser-me-á revelado, para nada omitir.
Diálogo sem palavras ou gestos, só batimentos;
o encontro de tantos impenetráveis fragmentos
na pororoca de escuras, turbulentas águas.
Murmura o silêncio profundo das duas línguas;
ondas surgem altas nas águas em torvelinho
para redimir todo sentimento em descaminho.