DERRADEIRO BEIJO

O beijo derradeiro é mais ardente
A carne torna em brasa o instinto
Os lábios numa prece tão clemente
Pro corpo não ficar muito distinto...

A súplica eficaz e ternamente
Faz do viver um doce vinho tinto
Deixando o ser bem mais do que contente
É bom! É muito bom - isso não minto,

Mas chega-se o momento de ir-se embora
De contemplar de ver o fim da aurora
E o dia se transforma num embargo,

Os últimos sussurros - despedidas -,
Tornam-se ácidos, tornam-se feridas
O beijo, então ardente, agora é amargo

Gonçalves Reis
Enviado por Gonçalves Reis em 03/12/2007
Reeditado em 04/12/2007
Código do texto: T763127
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