SONETO ENRUGADO

Conta os dias, é o fim que se aproxima

E isso será tão bom ou ruim que dói

Lembrar seu luto prorrogado, o clima

Desse deixar de ser o que não foi...

É tarde em tudo e o sol que a desanima

É cúmplice dum bobo, um verme rói

As vísceras do tempo que lhe exprima

O que desdiz essa expressão de boi.

Conta, no entanto, os dias que restando

Serão a esmola, o brinde, o dom e a pena

– é o fim! Celebra agora o como e o quando.

Se o que virá não vale a nova ruga,

A derradeira, a sorte é madre obscena,

Despreza as mesmas lágrimas que enxuga...

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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 18/10/2022
Código do texto: T7630432
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