A estola
Entregou-ma dobrada, a vermelha;
fora dia de ordenação presbiteral.
Filigranada, para portar na cernelha
como a soerguer-me do vale abissal.
Seus odores plenos nela impregnados;
sua volúpia gaseificada fora comprimida.
Nas válvulas de seus olhares escapados
foi minh’alma domada, enfim redimida.
Precioso, entregou-se também a mim;
e eu, atônito, aflito, apofático, sem ação,
logrei fazê-lo experimentar meu todo sim.
Nada explicado, nada dito, só pura razão;
a certeza do encontro eterno desse ínterim,
e até hoje me ardo na chama dessa paixão.