FRIA INDIFERENÇA

FRIA INDIFERENÇA

São trapos humanos resignados

Gente rude, humilhada e invisível

Ignorados que nascem cansados

Lixos duma sociedade insensível

Almas que vagam de madrugada

Na lenta espera da esmola oficial

Dormem e se ajeitam na calçada

Vítimas da fria indiferença estatal

Trágico painel do paradoxo social

Uma nação rica de povo desigual

Onde a massa carente e utopista

Vive sob jugo da minoria fascista

Na contradição por má educação

Ainda escolhem um governo vilão

Marco Antônio Abreu Florentino

Soneto inspirado pela triste imagem de pessoas carentes em longas e demoradas filas nas calçadas das cidades, passando dias e noites à mercê das intempéries e boa vontade do governo para realizarem o cadastro único a fim de receberem uma pífia esmola que mal dá para a cesta básica, sob o olhar frio e indiferente de uma sociedade composta, em grande parte, por pessoas que já perderam a capacidade de se indignar.

¨É GENTE HUMILDE... QUE VONTADE DE CHORAR ¨

https://youtu.be/prKcbA0vxu4

(Gente Humilde - Chico Buarque)