Oneironauta
(A Beatriz Uchôa)
“Così tra questa
Immensità s’annega il pensier mio;
E il naufragar m’è dolce in questo mare.”
(LEOPARDI)
“A ship is floating in the harbour now.
A wind is hovering o’er the mountain’s brow.
There is a path on the sea’s azure floor –
No keel has ever ploughed that path before.
The halcyons brood around the foamless isles;
The treacherous Ocean has forsworn its wiles.
The merry mariners are bold and free.
Say, my heart’s sister, wilt thou sail with me?”
(P. B. SHELLEY)
Vê! Em sua nívea plenitude brilha a Lua,
A cascatear raios da prata mais pura;
Rotunda, resplandecente, ela fulgura
Linda e alva como só o é – a Lua.
Meu Pensamento é uma lânguida falua
Que, singrando o mar das estrelas, procura
Por algo – mas, sem urgência e sem paúra,
Lentamente e sem rumo certo flutua.
É uma doçura perseguir o Pensamento;
Boiando num oceano de Ilusão,
Sinto-me desmanchando a todo momento…
Que dizes, irmã d’alma? Dê-me tua mão;
Calmo é o mar, e favorável é o vento.
Aceitas ser a nauta do meu coração?