A MANTICORA
às três da manhã não sou eu
mas bicho que rosna, ruge, arranha
o fruto do ventre da fera sagrada
pelo macio de felino, quelíceras de aranha
às três da manhã não quero leite
basta estar ferido pelo risco de luz
me dê algo forte que me adormeça o maxilar
e tire do meu coração o cravo da cruz
amanhece mas ainda é noite
estou nu e não me vestirei de alvorada
dourado radiante que não hiberna
acontece que ainda é noite
mente quem diz ver a cidade ensolarada
todos sabemos que a noite é eterna