Nas épocas de seca morre o sonho,

surgem os retirantes, sem destino,

sem esperança... e em cada olhar tristonho

fulgura a prostração de um nordestino.

 

Atroz cenário, bárbaro e medonho,

mata o amanhã até do pequenino,

instiga a dor nos versos que componho,

reforça todo assombro que imagino.

 

Na vida, nunca o "sim", somente o "não",

de noite, a escuridão sem um luzeiro,

e a fome castigando o tempo inteiro!

 

São vultos, à procura de outro chão,

que avançam no horizonte de um talvez,

fugindo do fantasma da aridez!

 

Janete Sales Dany

ATIVIDADE

FÓRUM DO SONETO

TRILHA DE SONETOS LXXVII–

 DIÁLOGO COM A PINTURA

 “RETIRANTES - 1944", 

de Cândido Portinari

Janete Sales Dany
Enviado por Janete Sales Dany em 09/10/2022
Reeditado em 09/10/2022
Código do texto: T7623915
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