Fardo

Ante o fulgor da morte vagamente

apascenta o que não nos cabe nem deve.

Se cala no instante mais que breve

o silêncio de uma paixão dormente.

Vai-se a vida efêmera e mormente

cobrar-nos a respiração mais leve,

com o valor do julgo que nos atreve

pagar pelo mesmo ar,preço diferente.

Rastros de pólvoras em redemoinhos

nos obrigam ao despertar involuntário,

na trilha constante de vários caminhos.

Em fardos pesados de flores e espinhos

seguimos na luta por um triste itinerário

com a cruz que só nos cabe levar sozinhos.

@pauloroberto.benedito

Paulo Roberto Benedito
Enviado por Paulo Roberto Benedito em 09/10/2022
Reeditado em 09/02/2023
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