Soneto pela tolerância
Um urubu filósofo e um homem,
que não tiveram mais o que fazer,
puseram-se, os dois, a debater
acerca da verdade do que comem.
O humano enaltecia o pão e o vinho.
Mas, o urubu se ria do inocente
que achava natural e evidente
semelhante manjar, tão comezinho...
Dizia que ao seu olfato só atiça
o extravagante aroma da carniça,
convicto do seu fino paladar!…
Veio a ciência mas… – não resolvia.
E acabou neste acordo a vã porfia:
Jantar na mesma mesa: nem pensar!