MENINA-SARACURA (*)
Menina-saracura, bem te quero
para afago só meu, sonho real.
Devo olvidar o tal de lero-lero,
sua vida tão louca. Não faz mal.
Menina-saracura, bem te quero,
é sina. Com o primo Chico eu brigue.
Só sei que meu amor por ela é vero,
Cupido, à bel menina então me ligue!
Quero a doce menina. Mais que espero,
por ser premente. Enfim, não desvaneça
de mui penar, eu, pássaro-metade.
Menina-saracura, bem te quero...
Longe não vá, nem sua falta teça
o abominoso manto da saudade!
(*) Soneto heróico, com tônicas na 6.ª (sexta) e 10.ª (décima) sílabas. A menina-saracura morou em Maravilhas-MG nos anos 60. Feito a ave, ela silenciava-se e fugia de todos. À tarde-noite e ao alvorecer ela cantava amorosa.
Afonso de Castro Gonçalves
Confrade-fundador da ABLAM
Academia Brasileira de Letras
e Artes Minimalistas.
Patrono: Millôr Fernandes.