ENTRE O CÉREBRO E O CORAÇÃO

 

Leio livros.À medida que leio, penso.

Enquanto penso, leio a mim mesmo.

Se o que penso é uma leitura a esmo,

É porque sou um livro muito denso.

 

Meu rol de sentimentos é tão difuso,

E o meu coração, quarto de despejo;

Nele vou depositando tudo que vejo

Mas no cérebro só guardo o que uso.

 

À noite sou sujeito, de dia sou objeto;

Por dois polos oscila a minha emoção

Pulando entre o abstrato e o concreto.

 

E assim eu me consumo numa guerra,

Travada entre o cérebro e o coração,

Em meio à estrelas, sem deixar a terra.