SONETO DA AUSÊNCIA TUA
Quando virás, paixão cinza e dolente,
Fincar no coração meu, teus punhais?
Eis que já não suporto viver mais
Uma vida de ausências pela frente.
R.
Contigo estar sem a presença amada
Senão no peito ardente em convulsão,
Pois que longe de ti, sou apenas nada,
Silêncio vago em franca solidão.
E com a alma já em mim enclausurada,
Sou cárcere privado da paixão.
Da ausência tua cativa acorrentada,
De mim nada mais sou do que um borrão.
Procuro-te na noite alta, sombria,
Com teu nome soando pelo espaço
E junto à estrela mais bela, mais fria
Deixando pela estrada cada passo,
Assim, das trevas vou até a luz do dia,
Buscando sofregamente teus braços.