Confiteor
" (...) as coisas que vemos têm uma natureza, não a que nós queremos, mas a que calhou a cada uma (...)"
GÓRGIAS, "Elogio de Helena", 414 a. C.
Numa oura d'hamartia, palente, elude
A "phronesis" em écbase ou no sima
Do entimema luctíssono, a umbria opima.
Vasta o canto do cisne. Amaritude.
Intensando a dubiez, embruma... Amiúde
Hipostasia-se o "prosopon" e ultima,
Sestra, a diafaneidade. Lada acima,
A um alvor inascível. Talha a incude (1).
"Non sequitur" (2). Na ousia, o negror consueto
Profliga-se neotérico. Mas cedo
Sobresteja p'ra um núpero (3) libreto
Aclasto. Um talambor cercano e ledo
Assesta a libitina do obsoleto (4),
"Dei gratia" (5) - na anacruse de um rubedo.
(1) "(...) nothing in the whole world is meaningless, and suffering least of all."
WILDE, Oscar "De Profundis", 1905
(2) "Tudo tem uma explicação natural. A lua não é uma deusa, mas um grande globo de rocha e o sol não é um deus mas um imenso mundo em fogo."
Anaxágoras (500 - 428 a.C.)
(3) "Sócrates — São dores de parto, meu caro Teeteto. Não estás vazio; algo em tua alma deseja vir à luz."
PLATÃO, "Teeteto", 369 a.C.
(4) "Suffering has been stronger than all other teaching, and has taught me to understand (...). I have been bent and broken, but - I hope - into a better shape.”
DICKENS, Charles "Great Expectations", 1860
(5) 1 Coríntios 15:10