Circular
Para Edgar Allan Poe
Da última hora ao esconder da sombra
Em certa noite luzes bruxuleantes
No cair da madrugada fria de antes
Ao pé da cova rasa que me assombra.
Na doutrina antiga daquela morta,
Um servo da moça desleal e triste
Da alcova do defunto que resiste
Uma lembrança seva que não importa.
Cada brasa refletia o voraz desespero
A última agonia que jazia na sepultura
Na infeliz vida a morte e o tempero.
Na esmagadora realidade da cultura
Das imortais saudades da criatura
Pela hora derradeira eu bem espero.