ASTRO FULGENTE – John Keats
Fosse eu imóvel como tu, astro fulgente!
Não suspenso da noite com uma luz deserta,
A contemplar, com a pálpebra imortal aberta,
– Monge da natureza, insone e paciente –
As águas móveis na missão sacerdotal
De abluir, rodeando a terra, o humano litoral,
Ou vendo a nova máscara – caída leve
Sobre as montanhas, sobre os pântanos – da neve,
Não! mas firme e imutável sempre, a descansar
No seio que amadura de meu belo amor,
Para sentir, e sempre, o seu tranquilo arfar,
Desperto, e sempre, numa inquietação-dulçor,
Para seu meigo respirar ouvir em sorte,
E sempre assim viver, ou desmaiar na morte.
Tradução de Péricles Eugênio da Silva Ramos
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🌘 John Keats (Londres, 31 de outubro de 1795 – Roma, 23 de fevereiro de 1821) foi um poeta inglês. O último dos poetas românticos do país, e, aos 25, o mais jovem a morrer. Juntamente com Lord Byron e Percy Bysshe Shelley, foi uma das principais figuras da segunda geração do movimento romântico, apesar de sua obra ter começado a ser publicada apenas quatro anos antes de sua morte. Durante sua vida, seus poemas não foram geralmente bem recebidos pelos críticos; sua reputação, no entanto, cresceu à medida que ele u uma influência póstuma significativa em diversos poetas posteriores, como Alfred Tennyson e Wilfred Owen. A poesia de Keats é caracterizada por um imaginário sensual, mais visível na sua série de odes. Atualmente seus poemas e cartas são consideradas entre as obras mais populares e analisadas na literatura inglesa.
O soneto conhecido como “Bright Star” é um dos textos mais emblemáticos do poeta inglês John Keats e foi, durante muito tempo, tido como seu último poema. Há um conhecido manuscrito da obra copiado por Keats, já bastante doente, no seu exemplar dos Poemas de Shakespeare que o acompanhava no navio a caminho Itália, onde viria a morrer logo em seguida de tuberculose. O soneto, inspirado em seu grande amor, Fanny Brawne, deu também título ao filme de Jane Campion retratando os últimos anos de vida de Keats e sua relação com Fanny.
Bright star, would I were stedfast as thou art –
Not in lone splendour hung aloft the night
And watching, with eternal lids apart,
Like nature's patient, sleepless Eremite,
The moving waters at their priestlike task
Of pure ablution round earth's human shores,
Or gazing on the new soft-fallen mask
Of snow upon the mountains and the moors –
No – yet still stedfast, still unchangeable,
Pillowed upon my fair love's ripening breast,
To feel for ever its soft fall and swell,
Awake for ever in a sweet unrest,
Still, still to hear her tender-taken breath,
And so live ever – or else swoon in death.