DESAVERGONHADA

DESAVERGONHADA

Tu, muito embora casta; embora pura,

Tens com tua beleza tal poder,

Que inflamas mesmo os santos de querer,

Enquanto rezas nua na clausura…

És demasiado carne e formosura

Para viveres só a esvanecer.

Não te faria Deus para o prazer

Apenas para arderes de loucura!

Sê desavergonhada pelo gozo,

Que de ti mesma obténs no prazeroso

Afã de te tocares com lascívia.

E não te negues mais, porque pecado

É deixares teu corpo abandonado;

Já sem sangue por sob a pele lívia.

Betim - 05 09 2022