Artista sem palco
Palhaço, sobe ao palco dia a dia,
Vestido como manda o figurino:
Um velho, com trejeitos de menino,
Que veste a mesma antiga fantasia.
Gargalha, e chora, e ri, e assobia,
E toca (faz de conta) o violino,
E canta à tosca, a força do destino,
A velha e desgastada melodia.
Artista, da ribalta apagada,
Que tosse, até a última risada,
O ar acumulado no pulmão
O Poeta, meu caro, é esse artista:
O bêbedo que faz o equilibrista
Fazer da corda bamba uma missão.