Os dois arlequins (Ou “Você e eu”)
Você e eu na corda bamba caminhamos,
Ambos sem futuro, tampouco passado;
Mas sorrimos, achando tão engraçado
Quando o vazio sob nossos pés contemplamos.
Você e eu à beira do abismo sentamos –
Nada há em que não tenhamos fracassado,
Mas pensando em tudo que nos foi negado
Sorrimos, achando graça, e gargalhamos.
Sei que um dia a rocha haverá de ruir
E a fraca corda também vai se arrebentar,
E você e eu à perdição vamos cair –
Mas quando a ti e a mim a Morte vier buscar
Pelo menos a saudaremos a sorrir,
Já que, afinal, nós rimos para não chorar.