FALAÇÃO

FALAÇÃO

Pois é: Falar, dá sede; ouvir, dá sono.

Quando o discurso evade em digressões,

Renuncio a quaisquer interações,

E já deixo a verdade com seu dono!

Cansado de absolutos, abandono

A aula que descambou em vis sermões

De quem arrota grandes opiniões,

Tratando todo o mais com desabono.

Depois de muito ouvir, passo a falar

E, à maneira dos outros do lugar,

Eu torturo a assembleia com argumentos.

Assim, seca a garganta; dura a língua,

Deitando a falação os deixo à míngua

Em meio a intelectuais padecimentos .

Belo Horizonte - 12 08 2006