TRILHA DE SONETOS LXXI– DIÁRIO DE SEXTA-FEIRA
*SEXTA-FEIRA*
No mesmo raio, o zênite estelário
Depura-se na luz que se levanta,
O fim, no seu início, feito planta
É só questão de tempo, em breve horário...
É sexta-feira e não aquela, a "santa",
Mas, dia "13" - diz o calendário.
Em cantoria, um álacre operário
Entoa um bom falsete da garganta...
É dia com sabor de feriado,
A plebe sepultou o mau passado
Com fé isenta de religião.
Mais tarde, num boteco mal lavado,
Desce a cerveja e o vinho abençoado,
Ao som da inesquecível "Legião"!
Ricardo Camacho
*SEXTA-FEIRA*
Acordo e sigo à luta neste dia,
curtindo as belas cores do arrebol;
no ornato magistral um girassol
que à luz da estrada, plácido, se abria!
Ao fim do expediente, a cantoria,
o tira-gosto, a velha e boa skol,
a pescaria em fisga de um anzol...
com todo o seu vigor acontecia.
É sexta-feira e o saldo semanal
vem, a rigor, envolto em alto-astral,
na companhia desses bons amigos,
que a vida caprichosa nos oferta
para sanar as dores, na hora certa,
nos braços carismais, "termais" abrigos!
Aila Brito
*SEXTA-FEIRA*
No frio da manhã de sexta-feira
as ruas acordaram animadas.
O povo ri nas beiras das calçadas,
a procurar a marca alvissareira.
Quer apressar as horas trabalhadas,
caminha esbaforido, vai à feira.
Se quando a noite chega traz canseira
também oferta o ardor das namoradas.
O dia acorda cinza e sem renovo,
mas faz sorrir um triste e amargo povo
que vive a expectativa desse instante.
Trabalha, sol a sol, de sexta a sexta,
e tudo que angaria em sua cesta
são dias de trabalho fatigante!
Geisa Alves
*SEXTA-FEIRA II*
Sextou... o amanhecer está em festa!
No céu de brigadeiro o passaredo,
em sinfonia, anima, desde cedo...
A esplêndida visão o olhar atesta!...
E enquanto vocaliza poda a aresta
das sombras, das tristezas e do medo...
A mágica sonata faz-me quedo;
apenas meu olhar se manifesta!
A sexta-feira atrai a melodia
da passarada feito um refrigério
para curar as dores e a exaustão!
Destarte, carregada de energia
dispõe-se a praticar o ministério
com mais vigor e boa vibração!
Aila Brito
*SEXTA-FEIRA*
É sexta-feira e o coração palpita,
tiro a gravata em meio à confraria,
contemplo ao longe a velha choparia
para espantar de vez qualquer desdita.
É sexta-feira e a multidão se agita
em busca do prazer da boemia,
que as rubras vestes do final do dia
são digitais da mão de Deus bendita.
Pelo mirante eu volto a contemplar,
numa harmonia infinda em pleno mar,
o meu barquinho infante de papel;
e o seresteiro vira a sentinela
das coloridas tintas da aquarela
que o calendário empresta ao menestrel.
Adilson Costa
*SEXTA-FEIRA*
Na sexta-feira treze, um ai-ai-ai…
rogamos proteção ao santuário.
Na sexta-feira, o tempo atroz se esvai...
no ralo escoa até aniversário.
Na sexta-feira free, o preço cai
e cabe direitinho no salário.
Na sexta-feira santa, exalto o Pai,
e a prece veste a fé do escapulário.
Na sexta-feira, faço minha feira,
provendo de alimento a geladeira
(convém que se planeje a provisão).
Bem sei que, além do pão de cada dia,
o espírito se nutre de alegria…
na sexta-feira, estoco diversão!
Elvira Drummond
*SEXTA-FEIRA*
A sexta-feira chega repentina,
Lembrando da Paixão de Jesus Cristo,
Que pelo próprio povo foi malquisto,
Cumprindo fielmente a sua sina.
O grande sacrifício não é visto
E muitos não conhecem a doutrina
Da entrega redentora que culmina
Na remissão gratuita que eu conquisto.
Por que a humanidade não se exempla
Nos gestos amorosos de Jesus,
Que foi obediente até a Cruz?
Por isso em sextas-feiras se contempla
Mistérios dolorosos na oração
Do terço em honra à Mãe da Salvação!
Luciano Dídimo
*SEXTA-FEIRA*
Amei a sexta-feira afortunada,
aquela em que te vi e o meu olhar
memorizou eternamente cada
detalhe... foi sublime te encontrar!
O amor passou a ser a luz na estrada,
o olor da primavera a me encantar,
a lua insinuante, prateada,
o azul preponderante em alto-mar!
Eu simplesmente não consigo ver
algo que traga mais alacridade,
tua presença adorna o meu viver!
Eu simplesmente vivo embevecida,
pois vem o alvorecer e o amor me invade
sempre, profundamente, sem medida!
Janete Sales Dany
*SEXTA-FEIRA*
É sexta-feira, o dia já no fim...
Sobre o poente, nuvens rutilantes,
Deixo o trabalho e, por alguns instantes,
Esqueço o ocaso só pensando em mim.
Sigo apressado para o botequim;
Parceiros contumazes, importantes,
Aguardam meus discursos incitantes
Falando do sistema que é ruim.
À meia-noite, a lua, esplendorosa,
Convida os Bardos para sua festa
E tudo, então, parece cor-de-rosa...
Ninguém mais tem em mente seus labores...
Todos caminham para uma seresta
Na qual, canções recordam seus amores.
José Rodrigues Filho