SONETO DOR
Tu és a espada na dura rocha encravado,
Mais do que isso, em triste gaiola aprisionado;
Dos quatorze versos sonho um dia libertar-te
Nem que pra tanto deva apurar a minha arte!
Soneto Dor, eu não te quero engaiolado,
Muito menos por vil Prometeu agrilhoado;
Quero quebrar as tuas grades em toda a parte
E do Destino atroz finalmente aliviar-te…
Desprezíveis poetastros servem-se de ti
Julgando que contigo almejam subir mais
Mas não passam, porém, de reles camafeus
Que nem potência têm d´ arrancar a Excalibur!
E, desde que eu, em tal estado assim te vi
Cá para mim jurei livrar-te dos chacais –
Que fingem ser a toda a hora amigos teus! –
E dar-te preito fiel à imagem do Rei Arthur.
Soneto meu, soneto Dor, por entre brasas
Atiçadas dia a dia por míseros detratores,
Quero aumentar-te muito mais as tuas asas
E tornar-te o maior de todos os Condores!
Frassino Machado
In INSTÂNCIAS DE MIM