SONETO DA ALDEIA VARIEDADE




 

Agora que eu tenho algum passado,

e mesmo algumas letras mais assentes,

faço poemas por mim; já não apelo,

tão-somente, a sopros de musa alheia.


Faço meus versos por si; já não poso, o

tempo todo, de vário poetastro,

mau fingidor das dores de outros astros

refletidos no vazio de minha aldeia.


Não basta-lhe o Olimpo de eus outrais,

os templos que ali ergo no intuito

de salvá-la de minh’alma incapaz.

 

Se insisto em plantar-lhe variedades,

os eus que me variam, quando muito,

dão-lhe em fruto mais infertilidade.