Réveillon
Me olho no espelho – vejo que envelheci;
Estou grisalho… Engordei um bocado…
Mas no que penso, um tanto quanto emocionado,
É no belo quadro que nunca colori.
Leio e releio tudo aquilo que escrevi –
Há uma ou outra coisa que é de meu agrado,
Mas nada me deixa tão extasiado
Quanto o poema que nunca concluí.
Completa a Terra uma nova translação,
E deitado em minha cama, indolente,
Ouço o Tempo marchar em lenta procissão;
E o único pensamento em minha mente
A contentar-me é a inconclusa canção
A boiar, lânguida, em meu Subconsciente…