Soneto que eu não fiz

Estou fazendo o soneto que eu não fiz,

Muito sombrio como a luz do lusco-fusco.

A inspiração não é aquela que eu quis,

Veio latente, sem o tema que eu busco.

Sigo escrevendo, amiúde, infeliz,

Feito as águas de um mar sem um molusco.

E desprovido de paixões, quão meretriz,

Fico sem brilho no olhar e me ofusco.

Ah, quem me dera se o soneto fosse meu!

Seria eu, viril poeta ou escritor.

Mas, de repente, minha mente percebeu,

Que já não posso mais, sentir tamanha dor.

Saí da luz e embrenhei-me em um breu,

Mas, tenho as letras de um verso a meu favor.

Valério Márcio
Enviado por Valério Márcio em 02/08/2022
Código do texto: T7573305
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