LINHA FÉRREA

Meu poema já está indo embora,

Comprou bilhete para um trem noturno,

Assentado num vagão soturno

Vagará pelo mundo afora.

Um apito tenebroso  e triste

Soa longo na amplidão da treva

No entanto, ele ainda leva

Uma luz que, no mais, consiste

Clarear uns poucos semblantes

Solitários por alguns caminhos.

Nessa linha férrea, entretanto,

Cujos trilhos não demandam gare

Meu poema sempre se depare

Com ternas almas cheias de espanto.

Enzo Carlo Barrocco
Enviado por Enzo Carlo Barrocco em 17/07/2022
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