LINHA FÉRREA
Meu poema já está indo embora,
Comprou bilhete para um trem noturno,
Assentado num vagão soturno
Vagará pelo mundo afora.
Um apito tenebroso e triste
Soa longo na amplidão da treva
No entanto, ele ainda leva
Uma luz que, no mais, consiste
Clarear uns poucos semblantes
Solitários por alguns caminhos.
Nessa linha férrea, entretanto,
Cujos trilhos não demandam gare
Meu poema sempre se depare
Com ternas almas cheias de espanto.