TAMANHO AMOR

Amo-te tanto, meu amor,

nenhuma prova há de ser bastante

o quanto vivo ainda o incandescente fervor

de pressentir tua presença quando o instante

que mais parece ensaio ao eterno inspira temor

de nunca mais receber-te o corpo quente,

despudoradamente instigando meu furor

pois já não basta viver: tua vinda é a lucidez do meu semblante

e, mesmo entregue ao delírio vociferante

é no teu olhar que me encontro senhor

das faculdades dominantes,

tua luxúria é típica da altivez das rainhas, e por maior

que seja o abismo que de ti separa o delírio de amante

que para sempre hei de viver sem pudor, encherei o vazio de estrelas e pirilampos

só para dizer o quanto é só teu tamanho amor