Soneto da esperança
As minhas poesias são tentativas.
São meras tentativas de um esforço inútil
no intento a desvelar o que não é fútil
e na certeza de um tempo sem perspectivas.
Eu não coloco sonhos nas minhas narrativas,
não floreio a realidade cruelmente hostil,
nem torno a aspereza da vida um caminho dúctil
com amor, com paz e com alternativas.
Eu vejo crueldade, mas carrego esperança,
então escrevo com lápis em cinza e preto
num rascunho qualquer de um papel que sobra.
Porque de lá, do fim d'onde ninguém alcança
virá surgir um mundo justo e concreto.
E eu perderei com amor, toda minha obra.