Soneto da esperança

As minhas poesias são tentativas.

São meras tentativas de um esforço inútil

no intento a desvelar o que não é fútil

e na certeza de um tempo sem perspectivas.

Eu não coloco sonhos nas minhas narrativas,

não floreio a realidade cruelmente hostil,

nem torno a aspereza da vida um caminho dúctil

com amor, com paz e com alternativas.

Eu vejo crueldade, mas carrego esperança,

então escrevo com lápis em cinza e preto

num rascunho qualquer de um papel que sobra.

Porque de lá, do fim d'onde ninguém alcança

virá surgir um mundo justo e concreto.

E eu perderei com amor, toda minha obra.

Paulo Roberto Benedito
Enviado por Paulo Roberto Benedito em 16/07/2022
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