A DOR DA FOME (2)
Tenho a sensação que uma verruma
Perfura ossos e chega ao estômago,
Como se algo me roesse o âmago,
Tipo de dor que ninguém se acostuma.
Há dias que não como coisa alguma.
A culpa é de um trabalho mal pago
E de uma má sorte que tenho e trago,
Que nem um despacho faz com que suma.
Até que peguei numa boa grana,
Trabalho pesado d’uma semana.
Em má hora usei pagando contas.
Agora é aguentar as pontas.
Pedir emprestado a quem tiver,
Afirmando: Pago quando puder.