PENAS DE AMOR

Se pensas que o amor é um privilégio,
de ti, francamente, eu tenho pena.
Em verdade, em verdade não te invejo,
pois o amor quando não mata, ele condena.

Condena o ser que ama e o ser amado
a viver numa constante dependência.
É preciso estarem sempre lado a lado,
para sentirem, um do outro, a presença.

Se pensas que o amor é abençoado,
eu não quero desfrutar desse legado,
cair em suas malhas, ser cativo.

Antes mais, viver sozinho e sossegado
do que ter o coração sobressaltado,
e perder a minha paz sem ter motivo.


 

                                                   (abril-1989)