Homenagem póstuma: INEIFRAN VARÃO

*SONHOS*

Quando a morte aparece traiçoeira

enlutando a família de repente,

uma nuvem de dor não passageira

é seu mais duro golpe em toda gente.

Quando a dor mais letal, sobremaneira,

trai o peito atingindo-o cruelmente,

chega à vida a sentença derradeira

que ninguém nunca espera certamente.

Mas, se a morte acomete a poesia,

vitimando um poeta sonhador,

ela escolhe pra si uma ironia...

Já que os versos dos sonhos do escritor

sobrevivem além da fantasia

e não morrem nos sonhos do leitor.

(Plácido Amaral)

*LUTO*

O mundo ficou cinza de repente,

o céu de anil perdeu a sua cor,

um pesadelo eterno... Imensa dor!

Tombou um ser, de espírito excelente!

Por que será que o coração pressente

o tempo de um brilhante sol se pôr,

calando a voz de um lírico escritor?

Que palco tão vazio e tão silente!

Encantos que deixou das digitais,

são pérolas que brilham sempre mais!

Como lidar co'essa saudade agora...

Que no âmago do peito, afoita, aflora?

Bem disse o grande sábio Salomão:

- Há amigos mais chegados que um irmão!

(Marlene Reis)

*EXERCÍCIO DE ETERNIDADE…*

Bem sei que estamos todos de passagem,

sorvendo cada gota corriqueira

da taça ardil que, ainda não se queira,

a sede nos impele… haja coragem!

E todos, aos sabores, só reagem,

sentindo o amargo e o doce da videira,

que o paladar — testado a vida inteira —

resulta em poesia, qual miragem!…

Palavra é o tesouro dos poetas

que vara o tempo e alcança os bons profetas,

purgando da tristeza um nutriente…

Exemplo assim nos deu nosso Ineifran

que viu, na poesia, um talismã…

Partiu, mas viverá eternamente!

(Elvira Drummond)

*HOMENAGEM À INEIFRAN VARÃO*

Tu viverás nos campos da poesia,

nos quais plantaste versos à mancheia,

tecidos, entre si, com fina teia

de filigranas que o poeta cria.

Tu viverás no encanto e na magia

do trinado, que um pássaro gorjeia,

da verve que pulsou em tua veia,

no teu cantar, que a mente acaricia.

A vida, cá na terra, é só miragem,

passamos, um a um – pois é passagem -

é chuva de verão, depressa evola.

Renascerás em tudo, por suposto,

revoarás nos céus, de agosto a agosto,

qual pássaro que escapa da gaiola.

(Edir Pina de Barros)

*A UM MESTRE*

Chuva, lava a tristeza em meu peito dolente!

O presente: o pesar, a perda, o passamento,

O tempo, o temporal, a lágrima em lamento

E a palavra não vem dizer o que se sente!

E a chuva continua a cair tristemente,

A regar a mordaz angústia do momento.

O viés do destino, a dor, o sofrimento:

Golpe na alma, feito um punhal contundente.

Mas um Mestre não é fugaz tal qual o dia,

Pois nasceu e viveu e se deu em Poesia

E a Poesia resiste a qualquer escarcéu.

Ela o faz imortal, um Ser eternizado.

“Um Poeta não morre, Ele fica encantado"

E faz-se a estrela mais fulgurante do céu.

(Paulino Lima)

*SONETO DA PARTIDA*

Em homenagem ao confrade Ineifran Varão

Não sei o que dizer na despedida,

só sei que a poesia está partida

em dois versos: se um vai, um outro fica.

O que vai abre a fenda, clarifica

a palavra imortal, bem concebida,

junto aos pares que assim lhe dão guarida.

O que fica é saudade e qualifica

seu legado; lembrança plena e rica

em memória, momentos de leveza

a nos dizer que ainda está aqui.

O poeta é semente que germina

em campo fértil, pleno de beleza;

seus versos guardarão teor em si

e a crença de que a vida não termina.

(Basilina Pereira)

*QUANDO UM POETA FENECE*

Ineifran Varão (In memoriam)

Quando um poeta parte de repente,

Deixando a todos nós porque fenece,

Para matar a dor, só mesmo a prece

Que nos acalma, à luz do Onipotente.

A notícia da morte é inconsequente,

Ela sempre nos vem e logo tece

Uma tristeza infinda que esmorece,

Por ferir nossa alma, descontente.

* Quando um poeta morre, ele se encanta,*

E a sua poesia, em nós, descanta,

Quando a cantamos, só para acendê-la...

Quando um bardo nos deixa, uma saudade

Toma conta de nós e nos invade...

A ponto de, no céu, vê-lo em estrela!

(J. Udine)

Observação

Verso 9: Paráfrase retirada da obra de Guimarães Rosa.

As pessoas não morrem, ficam encantadas

*A VERVE PELO CÉU*

O dia anoiteceu, ficou tristonho

No peito, a dor aguda encrava forte,

As letras choram mudas, sem um norte!...

- Quisera despertar do triste sonho!

Partiu o vate amigo, mas suponho,

Insiste versejando... e a boa sorte,

Os Anjos inspirando e, no suporte,

O céu está agora mais risonho!

Momentos bons ficaram na lembrança,

E agora nos aquece uma esperança

Que pelo céu a sua verve instila.

Partiu... Deixou a dor, mas seu legado

É precioso e o faz eternizado,

Caro Ineifran, a sua voz cintila!

(Aila Brito)

*JOSÉ INEIFRAN VARÃO DA SILVA*

-

Soneto Mesóstico em Diagonal nº 7542

Noneto nº 291

Inesquecíveis versos, bom legado,

inspiração nos vinte e um livros vi:

adolescente-adulto bem formado;

idioma inglês, alguns poemas li.

O Professor foi culto, bem-amado,

um tradutor fiel leitor, daí,

deixou um romance, fruto-flor passado.

Na ABRASSO, unidos, hoje vim, sofri!

Virtuais leituras vão deixar saudade!

Cadeira vaga? Desta não me esqueço!

Em lindo SELO vou rever verdade;

O Sonetista amigo volta ao Pai

Celestial; morada tem começo...

Do pensamento, sei, VARÃO não sai.

(Sílvia Araújo Motta)

*À INEIFRAN VARÃO*

Choram os céus no dia assaz tristonho,

choram as flores brancas no vergel,

a morte arrefeceu o lindo sonho,

deixou aos homens o amargor do fel.

Foi-se Ineifran Varão, o menestrel,

partiu ao seu destino mais risonho,

mas sua verve insistirá, fiel,

sem medos, a despeito do medonho.

Renascerá o vate sempre e tanto

nos versos que teceu, no riso e pranto,

e na lembrança eternizada em nós.

Insta o poeta em tempo e contratempo,

vive o poeta em vagos do entretempo,

e a poesia não nos deixa sós!

(Geisa Alves)

*VERSINHOS*

Os cândidos versinhos de um poema

Endossam um estado de poeta,

Vazando a consentida dor suprema

E o doce entusiasmo em luz repleta...

Registram a doçura, a fé extrema,

Um amplo fingimento, a voz secreta,

O seu divertimento no fonema

E aquela afetação que atinge a meta...

Externam a evidência da vaidade,

O pleito de atenção - necessidade -

Olhando-se no espelho, mais risonho...

Enfeitam a cruel realidade

E, após a sua morte, na saudade,

Nos fazem crer que tudo foi um sonho.

(Ricardo Camacho)

*ETERNAMENTE POETA*

O poeta Ineifran, fenomenal,

fascina eternamente... prefulgura

no céu, em cada estrela, lá na altura,

pois sempre foi um vate sem igual.

Em todo canto urdia um temporal

de encanto, que alegrava a noite escura.

Fazia amáveis versos de ternura,

quanta emoção... um bardo magistral!

A rígida saudade abala agora

os corações sem dó e quer se impor,

a chuva fina escorre... a tarde chora!

Sinto que ainda vive aqui, enfim,

reluz em cada escrito com louvor...

Na poesia, nunca existe o fim!

(Janete Sales)

Academia Brasileira de Sonetistas ABRASSO
Enviado por Academia Brasileira de Sonetistas ABRASSO em 13/07/2022
Código do texto: T7558668
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