TRILHA DE SONETOS LXV - DIÁRIO DE TERÇA-FEIRA

*TERÇA-FEIRA*

Às sete da manhã, intensifica

O frio com chuvisco e, desde cedo,

Expresso com a ponta do meu dedo

Mais um soneto com a rima rica.

Extraio das minúcias o segredo

Latente que a metrópole fabrica,

Enquanto provo um copo de canjica,

Sentindo-me um burguês... engano ledo!

O povo, num comboio reagente,

É como um dominó, eternamente,

Que atua na rotina brasileira,

Ao transformar a bela tarde algente

Num fluxo de quentíssima corrente

Que agita a vida numa terça-feira!

Ricardo Camacho

*TERÇA-FEIRA*

Chegou o inverno em plena terça-feira,

mas nem parece, o dia está brilhando.

Um céu azul, um vento ameno e brando

lembram, do outono, a calma prazenteira.

Mas devagar o frio assume o mando

e a serra já se faz hospitaleira.

Tem chocolate e fogo na lareira,

tem queijo e vinho, o inverno começando...

Dia normal, cansaço no semblante,

pela janela fico a contemplar

a serra bem ali, mas tão distante...

O meu desejo, então, desagasalho,

pois no escritório encontro meu lugar,

na terça-feira, um dia de trabalho!

Geisa Alves

*TERÇA-FEIRA*

Acordo na manhã de terça-feira,

A chuva não permite a caminhada,

Agrada-me demais a bênção dada,

Livrei-me, de repente, da canseira.

Chacoalha no fogão a cafeteira,

Levanto-me de forma fracionada,

Estico-me naquela espreguiçada,

Procuro o celular na cabeceira.

Coloco mais um verso no soneto,

O livro aberto grita, inconformado,

Por mim, me incrustaria neste gueto.

Tomo o café, banhado e perfumado,

Depois farei a barba, assim prometo,

Dieta que era bom, ficou de lado!

Luciano Dídimo

*TERÇA-FEIRA*

Na terça-feira, acordo bem-disposta.

Depois que se inicia, tal semana

transcorre com a paz que a fé emana,

havendo ou não problema sem resposta…

Por certo, trabalhar no que se gosta

é qual tecer o tempo em filigrana;

imprimo a polidez da porcelana

que suaviza o esforço da proposta.

Na terça-feira, vivo o metiê

de matizar o dia em degradê,

tarefas da semana toda alinho.

E o resto da semana, em cada obra,

a minha terça-feira se desdobra,

deixando o seu perfume (que adivinho…).

Elvira Drummond

*TERÇA-FEIRA*

Que venha a terça-feira novamente,

sem se importar que o riso altere a rota

dos bares para o trem que aos poucos lota

mostrando que a alegria está presente.

Os sonhos ressuscitam brevemente

e o calendário cumpre a sua cota,

na trilha em preto e branco que desbota

as ilusórias cores do presente.

Nós precisamos ter sabedoria

e garimpar, no nosso dia a dia,

os frutos da labuta semanal.

Que essa semana não demore tanto

e que o despertador alerte o tanto

do quanto falta para o seu final.

Adilson Costa

*TERÇA-FEIRA*

É terça-feira... surge um novo dia,

enchendo o céu nos tons das alvoradas,

em púrpuras e cinzas pinceladas,

e notas madrigais, com alegria!

Super manhã... a cena me extasia!

Lá fora... escuto vozes animadas

e passos apressados nas calçadas...

E nesse envolvimento, só magia!

Chego ao trabalho em boa vibração,

Cumpro com zelo o meu labor então,

Feliz, pressinto a paz morar em mim!

Ao fim do curso da gentil jornada,

Retorno a casa; e a mente energizada,

aguarda um amanhã jocoso assim!

Aila Brito

*TERÇA-FEIRA II*

Pela cortina vejo a claridade

de uma manhã em céu de brigadeiro...

abro a janela, e o quarto por inteiro

reveste-se de luz e a brisa o invade!

No mesmo instante chega-me a saudade

do sol esplendoroso e tão brejeiro

dourando a minha pele, no terreiro,

e a fresca vibração da mocidade.

Respiro fundo e escrevo no diário,

essa emoção vivida e passageira,

Com todos os detalhes do cenário.

Recobre-me e concentro em minha lida

Nesta manhã febril de terça-feira...

E encerro o dia assim, feliz da vida!

Aila Brito

*TERÇA-FEIRA*

Na terça-feira, acordo bem-disposta.

Depois que se inicia, tal semana

transcorre com a paz que a fé emana,

havendo ou não problema sem resposta…

Por certo, trabalhar no que se gosta

é qual tecer o tempo em filigrana;

imprimo a polidez da porcelana

que suaviza o esforço da proposta.

Na terça-feira, vivo o metiê

de matizar o dia em degradê,

tarefas da semana toda alinho.

E o resto da semana, em cada obra,

a minha terça-feira se desdobra,

deixando o seu perfume que adivinho…

Elvira Drummond

*TERÇA-FEIRA*

Ainda ressacado, e sem coragem,

Acordo, em mais um dia da semana,

Querendo consertar a filigrana

Partida nesse tempo de voragem.

São dias tediosos... E a mensagem,

De forma cavilosa o povo engana:

Moendas esmagando a raça humana

Para manutenção da vassalagem.

Depois das alegrias do domingo

E o desprazer vivido na segunda,

Na terça-feira foi-se o choramingo...

É hora de aceitar o bom batente.

Um misto de euforia o peito inunda

Entrego-me ao labor, mas consciente.

José Rodrigues Filho