A Henrique Armelin
Nada compreendo daquilo que fala –
E acho pouco provável vir a compreender.
Eu nada fiz da vida fora escrever
E orar por coragem para encerrá-la.
Pouco me importo com aquilo que fala;
Com as modas du jour que tenho eu a ver?
Só me apetecem duas coisas: escrever
E em meu crânio, um dia, enfiar uma bala.
Mas, longe de achá-lo totalmente mau,
Pelo seu bom gosto o quero cumprimentar:
Não amamos à mesma mulher, afinal?
Siga-lhe sendo, então, um marido exemplar,
E possa eu sobre ela escrever – cada qual
Cumprindo sua obrigação em seu lugar.